domingo, 28 de outubro de 2007

COIMBRA, 27 de Julho de 1970


"Morreu Salazar. Mas tarde demais para ele e para nós, os que o combatíamos. Para ele, porque não morreu em glória, como sempre deve ter esperado; para nós, porque o não vimos morrer na nossa raiva, na nossa humilhação, na nossa revolta. Viveu a frio conscientemente, envolto numa redoma de severidade gelada, a meter medo, e acabou por morrer a frio, inconscientemente, numa preservada agonia amolecida, a meter dó. A doença desceu-o de super-homem a homem, e u duração dela, de homem a farrapo humano. E quando há pouco chegou a notícia de que se finara de vez, nenhum estremecimento abalou o país. Nem o dos partidários, nem o dos adversários. Miguel Torga"

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