sábado, 10 de dezembro de 2011

pompeu barros viseu




Sempre que posso, ouço o programa “O Provedor do Ouvinte” da “Antena 1” da “RDP” que passa em antena às sextas com repetição ao sábado, nunca me tinha acontecido o que me sucedeu ontem, uma critica de um tal pompeu barros viseu, de Lamego, revoltou-me a tripas e fez-me pensar, mais uma vez, que o 25 de Abril de 1974 devia ter arrumado fisicamente alguns miseráveis que durante muitos anos, por medo, abstiveram a sociedade dos seus comentários fascistas e hoje, porque a situação política lhes é favorável, se manifestam livremente.
pompeu barros viseu, em missiva ao provedor do ouvinte criticava a forma de programação da “Antena 2”, normal, é no entanto defeituosa a forma como se auto-elogia e denigre quem não aprecia, não gosta, ou não percebe a chamada musica erudita/clássica.
O palhaço pompeu traz-me à memória os tempos, longínquos, passados em Lamego, tempos em que a presença permanente de uma agente da PSP nos obrigava a atravessar a rua para não passarmos junto à parede lateral da delegação do Banco de Portugal, época em que o simples facto de, após anoitecer, se conversar um pouco mais alto na via pública, era razão suficiente para se ser conduzido à esquadra e autuado em 80 escudos e cinquenta centavos, os famosos oitenta com uma coroa, nessa altura, antes do 25 de Abril de 1974, a população de Lamego vivia num mundo reaccionário onde tudo acontecia, atrasado, com uma diferença de pelo menos 30 anos em relação às outras cidades. Por exemplo, quem quisesse “abanar o capacete” numa discoteca tinha de ir ao Peso da Régua, a Vila Real, ou a Amarante porque em Lamego não havia, a igreja não permitia a sua abertura, a primeira abriu após Abril de 74 estava obrigada a encerrar às 24 horas enquanto às outras já era permitido funcionar até às duas da madrugada, havia no entanto alguém a quem eram permitidos todos os desmandos, aos militares que, mobilizados, no centro de operações especiais se preparavam para “embarcar” para a guerra no ultramar.
Recordo com saudade um desfile de finalistas do liceu que me fez, acompanhado do meu saudoso amigo Tó Zé Torres, ir parar à esquadra, desfilávamos vestidos de GNRs montados em burros de costas para a frente, mal chegamos à avenida armou-se uma confusão tal que o cortejo acabou com burros e cavaleiros todos detidos, as bestas foram reclamadas pelos donos, nós ficamos nos calabouços até de manhã, até à chegada do bom professor Torres que abriu os cordões à bolsa libertando-nos, não sem antes termos sido ameaçados e avisados que se repetíssemos a graça, ou outra acção do género, seriamos entregues a quem de direito, leia-se à Pide.
A brincadeira valeu-nos um dia de suspensão às aulas com permanência obrigatória na biblioteca do liceu além de um edital no átrio que relatava, de forma condenável, toda a nossa “aventura”, avisando os alunos que a repetição de actos semelhantes poderiam levar à expulsão do ensino oficial.
A nossa folgança tinha sido considerada tão grave que o “A Voz de Lamego”, jornal local (da igreja), que reportava todos os “peidinhos” dados na cidade e arredores, fez vista grossa ignorando o assunto.
Por incrível que pareça ainda hoje se sente, fortemente, a influencia da igreja na vida do concelho, muito mais que em Braga.
Voltando à (pompeu barros viseu) razão desta posta, é convicção minha que o provedor do ouvinte quis tão-somente exibir a mesquinhez da besta, humilhando-o ao dar tanta atenção ao caso.

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